sábado, 23 de outubro de 2010
Não engane-se Carcará
De nada adianta, Carcará, dizer que mudaste
Pois quando chegar à amar,
verás que toda essa crosta que criaste,
sucumbirá de seu habitat,
E todas as mantas que te cobriste,
De crença, de conselhos e de presságio,
tendem à proteger-lhe do que aí existe,
e que se mostrará quando estiveres frágil,
E tudo se fará tão claro,
e verás, Carcará,
que ter mudado,
Nada mais foi do que o sofrimento de amar.
(Laís Portela)
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9 comentários:
Um poema forte, dor latente, um desabafo que me tocou...Ás vezes, me sinto como co Carcará, que de sofrer mudou e endureceu...
Abraço.
pedras,
traças,
treliças...
tremula a casca
entre retângulos,
cimento...
e o amor é uma flor de concreto.
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo...
O amor na humanidade é uma mentira.
E é por isso que na minha lira
de amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim amá-lo?
Quando, se o amor que a humanidade inspira
é o amor do sibarira e da hetaíra,
de Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
o mundo fique imaterializado,
alavanca desviada de seu fulcro.
E haja só amizade verdadeira
duma caveira para outra caveira,
de teu sepulcro para meu sepulcro?
Não sentes fisicamente reações do amor? É necessário tocar, sentir, apalpar!
Na emoção do encontro não percebe embrulha-te o estômago? a carne tremula? o suor banhando-lhe?
Então... se não consegue sentir essas coisas, Como amas? Amas com o encontro de almas? Por telepatia?
Se queres amar outro humano, tens que descer, e vislumbrar essa caveira, e se ater à ela até o sepulcro!
Porque estou falando de HU-MA-NOS, seres abstratos e concretos, se não entende essa dualidade pode ficar no abstrato, ame o dívino, viva nessa tristesa Augustina, de não encontrar-se nesse mundo!
BEGÔNIA OPACA
Flor de cor feia,
pândega...
Pétalas bobas
reabrindo, aporta.
Mas é tarde, amor,
é muito tarde!
A lua é morta...
Não vês que a luz
desponta?
Que o ponteiro
já deu sua meia volta
e o quadrante,
peco fruto,
sobre nós despenca?
É tarde, o amor,
é muito tarde!
A alva avalanche
e nos convoca
para a luta!
(Lima de Sá)
NUANCES
Anelo a melancolia
que passa de salto alto
e vitima de assalto
a alegria!
Suas ancas de fogo,
demônio elétrico!
Fecundo e hermético
gozo...
E quero a cadência
de carnes tranquilas,
rutilar das retinas
a essência.
Os seios que embalam,
insanos, sublimes
oceanos e crimes
emanam.
Dulcissíssimo sexo!
Tumba de olores
onde brotam flores
sem nexo!
Quero não querer-te,
cáspide harpia...
Cálice de poesia
e arte!
(Sá de Lima)
ISSO NÃO É UM POEMA...
SÃO METÁFORAS DAS MINHAS PAREDES DE ALVENARIA!
Finda-se a luz...
Então recolho-me à minha concretude
Sei que o platonismo me atrai,
Mas não é o que fomento.
Não precisas concordar
Por isso a solução é se isolar
Daquilo que pra você,
Não tem grande valia
Por isso voe, Tangará!
Esqueça-te deste mundo
Porque tua solidão
Não será curada AQUI
Não neste mundo,não nesta vida,
Porque é preciso o estar AQUI
E para viver AQUI,
precisas ser tambem concreto,
E não só poeira cósmica.
REVOLTO DA VIDA O MAR
Carcará, Tangará, Sabiá...
Sei lá das quantas!
São tantas frases prontas
que ninguém quer mais cantar...
O cartre, pútrido, velou a verve,
beijou os pés nus da musa...
Depois sua alma, confusa,
rima rica não parece.
O soco no olho do tufão
abriu ascos na algibeira...
Cansou-se os céus de tanta besteira
e despejou, liquefeito, seu trovão...
Desce, lento, pela garganta
frígida da clara amiga
que aos cantos quatro tudo fustiga
com língua leve, sacrossanta...
E assim supondo, adultos senis,
vão tecendo seus dias fúteis...
Há máscaras que guardam, inúteis,
insigthiosos seres de um sol feliz...
"Amacia a dureza" daquilo que te incomoda!
Não fazeis disso tão grande, à ponto de escapar de tua boca definições extremas e dolorosas.
Conserva o bom senso, de saber que ninguém é tão superior à ponto de não errar, cometemos enganos...Ninguém é perfeito e o pobre que tentasse assim ser, morreria frustado!
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