quinta-feira, 12 de maio de 2011

Dei-me tudo


Não me basta o pouco, por isso o tudo me resta...

Usufruo da intensidade, com ela vivo nas beiras da perda das estribeiras, calo minha lucidez, vôo na utopia, morro à mingua...Mas também amo o que não se toca, o inconstante e renovado...revivo a cada dia!

Quero vivência, audiência, choro, velas... tudo que exalte, que prove, que mude...Quero ver vida, quero que mostre à minha pra que veio...veio de mala? nada trazia? queres compartilhar? Se ousas cruzar meu caminho, dei-me tudo!! Leve tudo!! Só não me deixe suas migalhas, com elas nada poderei viver!!

Autora: Laís Portela

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quem tem medo de música clássica?

Quando o assunto é música clássica uns torcem o bico, outros dizem que não tem ouvido pra isso... Porém é preciso conhecer!

Também achava que eram pra pessoas cultas, porém a emoção que sinto é isenta de qualquer conhecimento.

Em umas das buscas por este tipo de música, me deparei com esse testamento, que aborda o drama do imortal Beethoven, mostrando-o tão frágil.

O Testamento de Heiligenstadt

"Vocês, Homens que me têm como hostil, obstinado e insociável, como são injustos! Não conhecem as causas secretas que me fazem agir deste modo. (...) Fui cruelmente repelido pela dolorosa experiência de ter um ouvido defeituoso! Não me era possível dizer às pessoas: - Falem mais alto, gritem, porque estou surdo! Como poderia divulgar a todos a falta de um sentido que eu deveria possuir num grau ainda mais elevado do que qualquer outra pessoa, um sentido que outrora fora em mim mais sensível do que em qualquer dos meus colegas? Certamente não poderia fazer isso.

Perdoem-me, portanto, se me vêem retraído, quando na verdade teria gosto de estar entre vocês. O meu infortúnio mortifica-me duplamente, porque além de tudo me torna alvo da incompreensão. (...) Mas que humilhação, quando ao meu lado as pessoas ouviam o eco distante de uma flauta, sem que eu pudesse distingui-lo... Ou quando chamavam a minha atenção para o canto de um pastor e eu incapaz de ouvi-lo! Estas circunstâncias levaram-me à beira do desespero e pensei, mais de uma vez, em pôr fim aos meus dias. Somente a Música me deteve! Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim. Por isso, continuei esta vida miserável - verdadeiramente miserável - e suportei este corpo irritável que muda da melhor para a pior disposição com uma facilidade incrível. (...)

Oh, Deus! Tu contemplas do alto a minha miséria e sabes que ela está acompanhada de um amor pelas criaturas humanas e de disposição para as boas obras. Oh, Homens! Se algum dia lerem isto, pensem quão injustos foram comigo. Deixem que o que sofre tenha o seu consolo, encontrando alguém que, como ele, apesar das deficiências da natureza, fez tudo o que as suas faculdades lhe permitiram realizar para pertencer ao mundo dos artistas de valor e dos homens de bem. (...) Ao mesmo tempo, nomeio vocês dois herdeiros dos meus bens (que bem poucos são). (...) Anseio ir ao encontro da morte com alegria. (...) Vem, pois, quando quiser, oh, Morte! Firme estarei para recebê-Ia. Adeus, e não se esqueçam completamente de mim, quando já morto.


Ludwig van Beethoven

Heiligenstadt, 6 de outubro de 1802"

Mozart também tinha fragilidades, adorava festas, bebidas, viveu dramas, morreu cedo...E no entanto abriu caminho para genialidade.

Você, humano como eles, pode sim ouvir e conhecer mais sobre música clássica.

Portanto, mais uma vez , deixo aqui uma contribuição de boa música, que considero a melhor obra vocal de Mozart...

A rainha da noite:





Autora: Laís Portela
 
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